terça-feira, novembro 25, 2014

Cosntantine e O Anel de Salomão.



John Constantine está mandando ver no novo seriado. Semana passada eu comentei sobre sua tatuagem em hebraico e sua possível interpretação. Essa semana, no episódio:  A Feast of Friends (Tradução livre:  “Um banquete de amigos”) – Para quem não lembra, esse é o título de uma música do “The Doors” -  Constantine me surpreendeu com uma cena onde ele usa o Anel de Salomão (Também chamado de: Selo de Salomão). E claro que eu tive que fazer alguns comentários aqui no blog.
Assista a cena e depois conversamos:




Pois é... Como pudemos ver, a Zed achou que era a famosa Estrela de David (Maguen David). Mas Constantine explicou que se tratava do Taba’at Shlomon (Anel de Salomão) e que esse selo era usado pelo Rei Salomão para aprisionar gênios (Jinni) e que este selo é perfeito para confeccionar recipientes que aprisionam demônios.
Tá, beleza... É só um seriado de TV baseado em um personagem de Histórias em Quadrinhos. Mas de onde os autores do episódio (David S. Goyer e Cameron Welsh) tiraram essa idéia? Pois aparentemente, isso não é nada judaico. Ou é?

Gênios ou demônios.

Na cena de Constantine, primeiramente ele diz que Salomão recebeu esse anel diretamente do Céu para aprisionar gênios. E conclui que o anel é tão poderoso que consegue aprisionar demônios. Mas afinal, qual a diferença de gênio e demônio?

Gênio – Da palavra árabe “Djin” – Fazem parte tanto da tradição árabe pré e pós islâmica. São seres elementares de livre arbítrio criados antes da criação da alma de Adam (Adão). Não confundir com os anjos (Melachim) pois os anjos são mensageiros e nãopossuem livre-arbítrio. Quando o Eterno criou Adam, eles se rebelaram contra D’us, pois não aceitavam a nova criatura. Pela sua rebeldia, foram expulsos do Paraíso se tornando seres perversos. Seu líder Ibilis foi atirado com todos os outros Djini na Terra.

Demônio – Da palavra Daemon ou daimon (grego δαίμων, transliteração dáimon, tradução "divindade", "espírito"), é muito semelhante aos gênios da mitologia árabe. A palavra daimon se originou com os gregos na Antiguidade; no entanto, ao longo da História, surgiram diversas descrições para esses seres. O nome em latim é dæmon, que veio a dar o vocábulo em português demônio.

No fim das contas, dá no mesmo. São mitos de povos diferentes, mas com muita semelhança em comum. Ambos são seres elementais que infernizam a vida das pessoas. É possível se especular que, a semelhança dos mitos eram tão parerecidas, que tanto não seria difícil que se fizessem uma ligação entre esses espíritos malignos e em um determinado momento, o mito do Anel de Salomão fosse usado tanto para os djinni quanto para os Daemon.



O que diz o Talmud sobre o Anel de Salomão?

Sim... é de origem judaica. Há um registro muito, muito, muito doido sobre o Anel de Salomão no Talmud, tratado de Gittin 68a-b. Nessa guemarah, os rabinos discutiam sobre o fato de que não se ouvia barulho de machado, martelo ou qualquer outra ferramenta na Construção do Primeiro Templo. Quando os rabinos questionaram como foi possível cortarem as pedras sem ferramentas de ferro, foi respondido que foi usado o Shamir. Não se sabe exatamente a natureza desse shamir. Maimônides e Rashi comentam que o shamir era um animal que cortava as pedras com o olhar. Já o testamento de Salomão diz que o shamir era um mineral verde retirado do Efode do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote). Já, nas versões traduzidas cristãs, shamir é erroneamente traduzido como diamante ou espinhos. Por que erroneamente? Pois shamir é shamir e pronto, não tem tradução! Seja lá o que era esse shamir, deixou os rabinos em dúvida e curiosidade. A questão era: Como matar essa curiosidade. Alguns rabinos disseram:
Traga uma demônio macho e fêmea e os amarrem juntos; talvez eles saibam e irão lhes dizer. Então ele [Salomão] trouxe um demônio macho e uma fêmea e os amarraram juntos. Eles [Os demônios] disseram a ele [Salomão]: Nós não sabemos, mas talvez Ashmedai [Asmodeus] o príncipe dos demônios saiba. Eles [os demônios] Disseram [para] Ele [Salomão]. Ele [Salomão] disse a eles [os demônios]: Onde ele [Asmedai] está?”   Talmud Bavli - Gittin 68a-b


Sim, isso mesmo que vocês leram. De acordo com o Talmud, havia alguma coisa que tinha o poder de cortar
Ilustração mais conhecida
de Asmedai (Asmodeus).
pedras chamada shamir. Então Salomão querendo ter posse desse shamir para cortar as pedras do Templo, prendeu dois demônios macho e fêmea e perguntou para eles onde estava o shamir, os demônios não sabiam mas seria possível que o demônio Asmedai (Asmodeus) – o príncipe dos demônios – soubesse aonde estava o shamir. Na mesma hora, Salomão perguntou aonde estava Asmedai. O casal de demônios amarrados, disseram que Asmedai estava em uma certa montanha, onde Asmedai havia cavado um poço e enchido com água e cobriu com uma pedra e a lacrou com selo. Todo dia ele subia aos céus e estudava em uma Academia Celeste e depois descia para estudar na Academia Terrena e depois examinava o selo. Abria o poço e bebia da água, fechava e lacrava o poço de novo e ia embora. Então, Salomão (que era muito inteligente, em vez de ir, mandou outra pessoa em seu lugar para prender o demônio) mandou pra lá 
Benaiahu filho de Jehoiada, dando a ele uma corrente na qual estava inscrito o nome Divino e um anel (finalmente, o anel) que também estava escrito o Nome do Eterno. Levou uma tosa de lã e uma garrafa de vinho. Benaiahu cavou um poço um pouco mais abaixo da montanha fazendo com a água fosse drenada. Depois tapou o dreno com a lã. Agora com o poço vazio, Benaiahu  pôs vinho no poço. Depois se sentou em uma árvore e esperou Asmedai cair na armadilha. Não tardou para que Asmedai fizesse sua visita diária a Terra e dar aquela examinada básica no selo de seu poço e beber uma água. Só que ao invés de água, o poço tava cheio de vinho. E todos sabem o que acontece quando se bebe vinho. Pois é, o Príncipe dos Demônios ficou doidão e caiu no sono.  Daí é só seguir a lógica. Com o Asmedai bêbado, Benaiahu desceu da árvore e acorrentou o Coisa-Ruim dizendo: “O Nome do seu Mestre está sobre vós!”

Então Benaiahu filho de Jehoiada levou o Coisa-Ruim para Jerusalém. No caminho rolou uma porção de tretas muito loucas (que eu preferi suprimir, pois é enorme e não irá influenciar na pesquisa sobre o Shamir e o Anel de Salomão. Talvez quem sabe em uma outra oportunidade). Continuando... Quando o Tinhoso chegou em Jerusalém teve uma audiência com o Rei Salomão que disse ao demônio:

“[Rei Salomão diz:] O que eu quero é construir o Templo e eu preciso do shamir. Ele [o Demônio] disse: Não está em minhas mãos, está nas mãos do Príncipe dos Mares que apenas dará [o shamir] para o pica-pau a quem ele [O Príncipes dos Mares] confiou [a guarda do shamir] em juramento.” – Gittin – 68a

O que um pássaro vai fazer com o shamir?! De acordo com o que se segue no Talmud, o pica-pau leva o shamir para o alto de uma montanha que não possui vegetação e coloca na ponta de uma pedra. Então shamir se divide e nascem sementes. Então o pica-pau pega essas sementes e as cultiva.
Assim que Salomão descobre que o shamir pode estar com o pica-pau e o pica-pau deve estar na montanha, mais uma vez, Benaiahu filho de Jehoiada foi lá e fez outra armadilha. Dessa vez ele encontrou o ninho do pica-pau, pois um vidro branco cobrindo o ninho e esperou. O pica-pau (que não era tão esperto quanto o seu primo dos desenhos) tentou várias vezes entrar no ninho sem sucesso. Então ele se lembrou e foi buscar o shamir, que corta qualquer coisa. Quando o pica-pau começou a cortar o vidro, Benaiahu deu um susto no pássaro, que voou pra longe deixando cair o shamir. Benaiahu na hora pegou o shamir e levou para o Rei Salomão. Mais tarde o pica-pau suicidou por vergonha de ter quebrado o juramento ao Príncipe dos Mares (Também conhecido como Rahav or Rahab).

Daí já sabemos. Salomão construiu o templo usando o shamir para cortar as pedras. Salomão manteve o Asmedai (Asmodeus) até o fim da construção do Templo. Mas num belo dia... Quando Salomão estava sozinho como Asmedai e começou a conversar com o Coisa-Ruim. Salomão disse que ele o teve como se fosse to'afot reem. Salomão se referia à passagem da Torah em Shemot/Números:

אל מוציאו ממצרים כתועפת ראם

D’us o tirou do Egito; as suas forças são como as do boi selvagem - shemot/números 24:08)

Salomão então explica que to’afot significa comandar anjos e reem significa comandar demônios. Nesse momento, Asmedai desafia Salomão e pergunta qual a superiodade que Salomão tinha sobre os anjos e demônios. Depois disse:

“Tire essas correntes e me dê seu anel. E eu vou te mostrar.” (Gittin 68b)

E aceitando o desafio do Cramulhão, Salomão tirou as correntes e deu-lhe o anel. Assim que Asmodeus pegou o anel, o engoliu. Então colocou uma asa no céu, outra na terra e arremessou o Rei Salomão 400 parasangs (1 parasang equivalem a 6 Km. Logo, Salomão foi arremessado por 2400 Km) começando assim o exílio do Rei Salomão enquanto quem estava no trono era o demônio Asmedai. Mas isso é uma outra história para outra ocasião.

Eu num disse que o bagulho era doido?

Por fim, podemos dizer que sim, o mito do Anel de Salomão é de origem judaica e como no episódio de Constantine,  tem o poder de aprisionar demônio. O Anel de Salomão não está só documentado no Talmud, mas também Josephus ("Ant." viii. 2, § 5) narra o episódio em que Eleazar exorciza um demônio na presença de Vespasiano através de um anel, usando encantamentos compostos pelo Solomon Fabricius  (Artefato de Salomão).

Hexagramas apareciam em proeminentes literaturas esotéricas judaicas no início do período medieval e alguns autores levantam a hipótese que o Selo de Salomão possam preceder antes do início do Islã (Século 6 e.c) e datar do início da tradição esotérica rabínica, ou no início da alquimia do judaísmo helenizado do século 3 e.c no Egito. Mas não há evidencias que comprovem. Mas há evidencias concretas de que entrou na tradição cabalística pela Espanha medieval (Sefarad) através da literatura árabe.

Leia também: Tatuagem em hebraico em John Constantine.


A influência árabe.

E como eu disse no início, o Anel de Salomão é judaico e ao mesmo tempo também não é judaico. Haja vista que outras culturas também absorveram a ideia do anel de Salomão. Os árabes, não só absorveram essa cultura, mas também a desenvolveu inserindo novos elementos.
Foram os árabes que nomearam as estrelas de seis pontas gravadas nos fundos dos copos como Selo de Salomão (Onde selo pode ser interpretado como sinete). Está relacionado à história das “Mil e uma noites” (Capítulo XX) no qual Sinbad, em sua sétima viajem, presenteia Harun AL-Rashid um copo no qual havia uma tabula de Salomão gravado em seu fundo.

Os escritores árabes declararam que também que Salomão recebeu quatro jóias de diferentes anjos, e ele os colocou em um único anel (Não, não confunda com o Um Anel do O Senhor dos Anéis) assim podendo controlar os quatro elementos. Também foram os árabes que usando a tradição judaica de que o anel possuía o Mais Importante Nome de D’us (alguns autores diz se referir ao tetragrama ou quem sabe o nome de 72 letras?), acrescentaram o fato de que o anel foi dado diretamente do Céu. O anel era feito de bronze e ferro e as duas partes eram usadas para selar documentos de comando para espíritos bons e maus. Em um dos contos, o demônio Asmedai (Asmodeus) – (alguns dizem que foi Sakhr) tomou o anel e reinou por quarenta dias. Em uma variante do conto do anel de Policrates de Heródoto, o demônio eventualmente jogou o anel ao mar que foi engolido por um peixe. Depois o peixe foi capturado por um pescador que devolveu o anel ao Rei Salomão. Na escatologia muçulmana, o Dabbat al-ard (a Besta da Terra) possui o cajado de Moisés e o Selo de Salomão e usará para estampar o nariz dos infiéis.

Voltando aos Quadrinhos.

Seraph possui o
Anel de Salomão
O herói Seraph - DC Comics
Não posso terminar de falar de O Anel de Salomão sem mencionar o mais judeu de todos os super-heróis judeus. Sim, estou falando do Seraph. E por que ele é o mais judeu dos judeu?? Pois ele nasceu em Israel e não nos Estados Unidos. Seraph, Um professor judeu de Israel de nome Chaim Lavon. Ele possuía a força de Shimshon (Sansão), o cajado de Moisés (que aumentava de tamanho e produzia terremotos e controlava os mares), o manto de Elijah (Elias - Que dava a Seraph certa invulnerabilidade) e claro o Anel de Salomão (Que dava inteligência e o teleportava para qualquer lugar).

Brevíssima conclusão

Eu sempre fico contente ao ver autores que se preocupam com pequenos detalhes e fazem o dever de casa quando escrevem livros, seriados, filmes, etc. Os autores desse episódio estão mais de que de parabéns.
O que achei super digno de nota, foi o fato de que foi usado o Anel de Salomão para aprisionar um demônio. Segundo a conversa entre Constantine e a Zed (Se vc não viu o vídeo que eu pus  no início do post, não se preocupe, eu pus de novo aqui em baixo). Mesmo com poucas palavras, os autores disseram muita coisa. Inciando com o fato de que o Selo de Salomão não é a Estrela de David (Maguen David). Depois ele explica que Salomão usava o anel para prender gênios (djins), e os autores o fizeram o Constantine gravar o selo de Salomão em uma garrafa, uma bela alusão aos mitos dos gênios na garrafa das Mil e Uma Noites. E por fim, a relação entre gênios e demônios.

Claro que há outras conexões bem interessantes no episódio. A questão do nome: “Feast of Friends” (Banquete de amigos). Onde um antigo colega de banda de Constantine e viciado em drogas pesadas, soltou um Demônio de Fome. Esse demônio é possui uma fome voraz e obriga a pessoa incorporada incontrolavelmente matar o desejo de comida e paralelo a isso, o amigo do Constantine também é incontrolável em sua necessidade por drogas e de pano de fundo, esse demônio de fome agia no Sudão, se aproveitando da fome das pessoas miseráveis. Muitos paralelos e conexões interessantes que merecem ser apontadas.
E terminando esse post, vou deixar uma pergunta no ar. Se você leu esse post até aqui eu te pergunto: Qual a diferença entre a Estrela de David e o Selo de Salomão?

Leia também: Tatuagem em hebraico em John Constantine.


Seal of solomon ring of solomon star david

terça-feira, novembro 18, 2014

Tatuagem em hebraico em John Constantine (Ainda em investigação)



Capa da revista em quadrinhos: Hellblazer
Mostrando Jhon Constantine e suas tatuagens.
Essa semana, no segundo episódio da primeira temporada de Constantine, finalmente pude ver o que eu estava super curioso para ver: Constantine sem camisa. Não, não tenho atração sexual por pessoas do mesmo sexo (E não tenho nada contra  com quem tenha). Mas como fã da série de quadrinhos Hellblazer (Vertigo/DC Comics) - protagonizado por John Constantine, achava o máximo o corpo do Constantine ser tatuado por vários símbolos mágicos. Para quem ainda não é familiarizado com o Cosntantine, veja essa ilustração ao lado.

Pois é... Muito louco o bagulho. Essas tatuagens mágicas são iradas! E eu realmente acreditei que na série seria assim também. Mas infelizmente, não foi nada disso. Aliás, fiquei muito, muito, muito decepcionado. Só colocaram 3 tatuagens, muito da mixuruca!!!  Mas fora decepções a parte de um fã de quadrinhos, uma coisa me chamou atenção. No flanco esquerdo de Constantine, há um tatoo em caracteres em hebraico escrito: לאכלימותלי.

O significado ainda está em aberto. Depois da ajuda dos chaverim  Húdson Canuto e Salim Haber, chegamos a fase: לא כלי מות לי que significa: Nenhuma de ferramenta de morte para mim".

Depois perguntei pro Rabino Moré Ventura e ele me deu outras possíveis traduções: 

Lechol Yamut Li – Comer, morrerá para mim.

Lo Col Yamut Li – Não tudo morrerá para mim.

Lo Kelimot li – Não vergonha para todos


Lo Kol Yemot Li – Não são todos os dias para mim.

Cena do episódio: "The Darkness Beneath" - da Série de TV: Constantine - Onde podemos ver a tatuagem em hebraico.

A questão que fica é que de acordo o que diz na Torah, não se deve tatuar, como está escrito explicitamente em Vaycrá/Levíticos 19:28:

ושרט לנפש לא תתנו בבשרכם וכתבת קעקע לא תתנו בכם אני יהוה׃
"Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca (tatuagem). Eu sou o Senhor."   
De acordo com o Rambam, no Sefer Hamitzvot, podemos entender melhor essa mitzvah:
P. 41 - NÃO FAZER MARCAS EM NOSSOS CORPOS [TATUAGEM]A proibição (mitsvát lô taassê) número quarenta e um (do Sefer Hamitsvót) é a Proibição Divina de fazer qualquer marca – azul, vermelha ou de qualquer outra cor – em nossos corpos, assim como fazem os idólatras, como é comum entre os Kobtim [guiptim; talvez os antigos "egípcios"], até hoje. [A FONTE NA TORÁ] Esta proibição Divina está expressa em Suas palavras (louvado seja!): "E escrita de tatuagem (marcas) não poreis em vós" (Vayikrá/Levítico, 19:28).O castigo pela desobediência desta proibição é a pena de malkut (chicotadas) [só quando há advertência prévia e duas testemunhas, etc., após julgamento em um Beit Din — na época do Beit Hamicdash].As normas deste mandamento estão explicadas no final do Tratado de Macot.

Como podemos ver, a Torah possui o mandamento de não fazer tatagem em nossos corpos. E o Rambam deixou uma pista para entendermos por que não se deve fazer tatuagem, pois era costume dos idólatras. O rambam também dá outra pista, os detalhes dessa mitzvah está no Talmud, tratado de Makkot 21a .

Segundo o tratado de Maccot, a Mishnah é clara em dizer que: 


MISHNAH: Quem escreve uma impressão incisa - [na sua carne , É açoitado ] . Se ele escreve [Em sua carne] Sem incisão , ou incise [Sua carne] Sem impressão, Ele não é responsável (livre de culpa): [Ele é] Não responsável até que ele escreva e imprima com incisão com tinta, maquiagem ou qualquer coisa que marque . Rabi Simeon Ben Judah diz Em nome de Rabi Simeon Bar. Yocḥai que ele é não responsável até que ele tenha escrito lá o nome, como é dito :  "Nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca (tatuagem). Eu sou o Senhor". 
Talmud da Babilônia - Tratado de Makkot 21a

Já no tratado de Sanheedrin 103b, é comentado sobre a bizarra tatuagem que o Rei Jehoiakim Ben Judah (Joaquim de Judá ou Jeoaquim ou Jeoiaquim - 634 a.e.c. — ?) foi o 18º Rei de Judá) Na discussão do Talmud, um rabino diz o que estava escrito era o nome de uma deidade pagã. Por sua vez, outro rabino disse que era o nome do Eterno que estava tatuado.

Seja o que estava tatuado, o reinado de Jehoiakim Ben Judá foi marcado pela assimilação e idolatria:
"Da mesma maneira, todos os chefes e líderes dos sacerdotes e o povo em geral se tornaram cada vez mais infiéis, imitando todas as práticas detestáveis das nações pagãs e contaminando a Casa do Senhor, consagrada por ele em Jerusalém."
(2 Crônicas 36:14)
Sobrevivente do Holocausto Nazista na Segunda Guerra
Mundial mostra números marcados por incisão e tinta.
Essas marcas foram feitas sem consentimento do indivíduo.
Para não haver dúvidas, a questão foi decidida através da decisão rabínica de proibir por completo o uso de tatuagens. (Comentário tosafot do tratado de Gittin 20b). Importante ressaltar que essa proibição só se aplica a marcas feitas por livre e espontânea vontade. Logo, essa lei não se aplica as marcas feitas pelos nazistas nos campos de concentração, que foram feitas cruelmente contra a vontade das vítimas. Já, o caso recente na Venezuela, onde pessoas são marcadas senhas com tinta lavável nos braços para poderem entrar na fila dos supermercados para comprar comida, não é considerada tatuagem, pois como diz a Mishnah, somente marcas com incisão e tinta.  

Falta saber, por que o personagem de Constantine usa uma tatuagem escrita em hebraico, haja vista que é proibido usar tatuagem segundo as leis judaicas. Só assistindo os próximos episódios para sabermos. E assim que eu tiver alguma resposta, irei atualizar esse meu post. 
Na Venezuela recente, pessoas são marcadas como
animais para poder comprar comida. 



Constantine hebrew tatoo ink

terça-feira, novembro 11, 2014

Felicity Smoak mostra costume judaico em sepultamento em Arrow.

[ATENÇÃO SPOILER]



Clique na imagem para assistir a cena.



Lá estava vendo o segundo episódio da terceira temporada de Arrow (Warner Channel), quando do nada... Pá! Fui surpreendido com um costume fúnebre judaico assim na lata! Geralmente, Hollywood e a TV americana só mostram o acendimento das velas de Chanukah (Lê-se Hánúká) isso por que é próximo do Natal e Hollywood cisma de tentar vender a ideia de que o Chanukah é o “Natal Judaico” (Putz!). 

Bom, tava lá eu, no meu sofá, minha cadelinha Lola no meu peito,  quando de repente a Felicity Smoak (interpretada por Emily Bett Rickards), a nerd-judia-gata-hacker do seriado Arrow, surpreendendo a tudo e a todos os telespectadores, no meio do enterro da Sara (Canário Negro - Sim, eu avisei que havia spoiler). Depois que o caixão já estava em seu lugar derradeiro, a Felicity jogou terra no caixão. Esse costume judaico pode ser feito tanto com a mão ou com uma pá.


Mesmo sendo um pouco mórbido, achei legal a iniciativa da Warner/DC Comics de ter inserido esse costume no episódio. Kol Hakavod Warner! 


Não foi  primeira vez que a Felicity se afirma como judia e se orgulha de sua judaicidade. Vamos aguardar quais outras surpresas virão da hacker 100% casher.